sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Troféus

Já pequei, me redimi. Já briguei e fiz brigarem. Já perdoei e também praguejei. Já soquei a porta. Escrevi e apaguei.

Já fiquei bêbedo com um copo e já me embebedei de propósito. Já prometi sem cumprir, humilhei por não saber. Gritei por não entender. Também ouvi sem querer.

Já disse que amava sem amar, e também amei sem nada falar. Já desci do salto e fiz barraco, já ouvi calado.  Já fiquei à espera. Já  olhei na janela. Já perdi a hora certa. Já me atrasei, já adiantei, já faltei.

Já tomei café. Mais preto, mais claro, com gelo e canela. Já vomitei, já me deitei, já babei. Já sonhei com um amor. Já urrei de dor. E de prazer. Já reparei nas saias das meninas e nos shorts dos rapazes. Já recuperei minha paz.

Já comi demais, tomei remédios sem poder, já comprei e não paguei.  Já roubei e fui roubado.  Já andei sem ter cuidado. Já saí mal arrumado.

Já subi na corda bamba, toquei numa banda. Dancei como uma dama e implorei pra ser amado. já tracei curvas e retas sem régua ou compasso. Mas eu sempre as amasso. já  registrei paisagens. Já registrei pessoas. Já apaguei contatos.

Já perdi no jogo. Já perdi na vida. Já perdi no amor. Já perdi carinho. Já ganhei na rifa, já ganhei no bicho, já ganhei vestido. Já ganhei sem ter pedido.  Ganhei tendo perdido. 
De tanto ganhar eu aprendi a perder, e de perder aprendi a ser. E de tanto ser aprendo a viver.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Poema dos Olhos

Quero olhos que gritem
Seja de amor ou de dor
Seja tortura ou desejo
Seja tesão ou ternura.

Quero olhos que saibam falar
E bocas que apenas mordam
Olhos que sejam sinceros
Quero olhos que possam amar.

Quero olhos que enxerguem além
Além do que nossa medíocre cabeça possa alcançar
Quero olhos de paz
Mas também vejo a beleza dos de pura guerra.

Quero olhos de mãe a me cuidar, e aprendi a admirar os de negativa
Quero olhos pelo simples fato de não mentirem ou calarem-se
Quero olhos pelo simples retrato da alma que trazem
Pelo simples retrato da alma que se quer o dono sabe. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Amor. Amour. Love. 爱





Como num momento mágico, descubro o que é o amor. O amor por escrever. O amor por ver um filme. O amor por ver minha coleção crescendo a cada dia. O amor por encontrar o poder das palavras. E a elas devotar esse espaço.

O amor por todo um universo que, por amor, conspira a favor. Descobri que amar é encontrar-se em si, é sabotar o espelho engolindo-o e vendo o que há por dentro. Amor é desentranhar o sujeito preso no seu corpo. Sujeito que chamam de alma.
Amor é suavizar a dor de quem não ama. É esquecer a moral pelo que ama. É fazer desmoronar a Terra a procura do objeto amado. Amor não é dor. Ou talvez seja.

Amor é rima imperfeita. É a conjugação carnal. É a virtude. Amor é esotérico. É religioso. É um desastre. “É um solitário andar por entre a gente”. É quente. Não desagradável. É perturbador é ter  pra si “um inimigo e um sustento”.